Total de visualizações de página

sábado, 25 de março de 2017

Spleen e Ideal - Charles Baudelaire.

LXVI – Os gatos

Os amantes febris e os sábios austeros
Amam igual, chegando à madura estação,
Os gatos meigos, fortes, da casa eles são
O orgulho, e assim como eles, friorentos, caseiros.

Amigos da ciência e voluptuosidade,
Procuram o silêncio e o horror da escuridão;
O Érebo¹ os tomaria por seus em missão
Se a cabeça pudessem baixar na humildade.

Assumem a cismar as nobres posições
Das enormes esfinges em suas solidões,
Que parecem dormir num sonhar infindável;

Os seus fecundos rins fagulhas a lançar,
E parcelas de ouro, de areia impalpável,
Estrelam vagamente o seu místico olhar.

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.


¹Na mitologia grega, Érebo, um dos filhos de Caos, é o criador das Trevas, a personificação da escuridão. (N. do E.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário