LXVIII – O cachimbo
Sou o cachimbo de um autor;
Vê-se, ao olhar-me a carinha
De cafrina¹ ou de abissínia²,
Que é patrão grão fumador.
Quando ele está com muita dor,
Eu fumo tal como a guarida
Onde se prepara a comida
Pra volta do trabalhador.
Eu nino o coração e abraço
Na rede azul e esvoaçante
Que sai da boca fumegante,
Eu enrolo um palheiro então
Que encanta e cura seu coração
E o espírito do cansaço.
BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução
de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.
¹Cafrina: nativa de certa região da África do Sul. (N. do
E.)
²Abissínia: nativa da Abissínia (atual Etiópia). (N. do
E.)
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