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sábado, 25 de março de 2017

Spleen e Ideal - Charles Baudelaire.

LXIV – Soneto de outono

Ele diz, teu olhar, claro como cristal:
“Por ti, bizarro amante, que mérito eu teria?”.
- Sê charmosa e te cala! O coração que irrita
Tudo menos o antigo candor animal,

Não quer mostrar-te o seu segredo infernal,
Cantiga de ninar cuja mão ao sono invita,
Nem a negra legenda com a chama escrita.
Eu odeio a paixão e o espírito faz mal!

Amemo-nos suave. O amor em sua guarita,
Tenebroso, emboscado, tende o arco fatal.
Conheço esses engenhos e o velho arsenal:

Crime, loucura, horror! Pálida margarida!
Como eu tu não és nenhum sol outonal,
Ó minha branca, ó minha fria Margarida?


BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

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