XLVII - Harmonia da tarde
Eis o tempo chegando em que na haste a vibrar
Como incensório vai-se evaporando a flor;
Os perfumes e os sons no ar da noite a girar;
Melancólica valsa e êxtase de langor!
Como incensório vai-se evaporando a flor;
O violino freme, coração aflito,
Melancólica valsa e êxtase de langor!
E o céu é belo e triste ostensório infinito.
O violino freme, coração aflito,
Coração terno a odiar o nada negro e vasto!
E o céu é belo e triste ostensório infinito.
Foi-se o sol se afogando em sangue coagulado!
Coração terno a odiar o nada negro e vasto!
Colhe todo vestígio do passado em luz!
Foi-se o sol se afogando em sangue coagulado!
Tua lembrança em mim como ostensório luz.
BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.
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