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quarta-feira, 29 de março de 2017

LXXV - Spleen

*O nome do poema é "Spleen" então, para diferenciar dos demais, apenas o nome do poema ficará como título e o número do poema.
*Há 4 poemas de nome "Spleen" na seção "Spleen e Ideal", então o diferencial será o número do poema como venho também o enumerando aqui no blog.

LXXV - Spleen

Pluvioso¹, na cidade inteira, muito irado,
De sua urna lança um frio tenebroso,
Aos pálidos ali do cemitério ao lado
E a mortalidade aos bairros nebulosos.

Meu gato, pelo chão buscando onde deitar,
Agita sem repouso o corpo rabugento;
A alma de algum poeta, na calha a errar,
Fala com triste voz de fantasma friorento.

O bordão se lamenta, e a inflamada lenha
Acompanha em falsete a pêndula rouquenha,
Enquanto em jogo cheio de odores imundos,

De hidrópica senhora, herança em tempos maus,
O valete de copas e a dama de paus
Falam sinistramente de amores defuntos.

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

¹Pluvioso é o mês do calendário republicano implantado pela Revolução Francesa e extinto em 1806. Esse mês correspondia ao período que vai de 21 de janeiro a 19 de fevereiro. (N. do E.)

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