LXX – Sepultura
Se em noite pesada e sombria
Por caridade, um bom cristão,
Atrás de uma ruína fria
Vos enterra o corpo loução,
Na hora em que as castas estrelas
Fecham seus olhos sonolentos,
A aranha aí fará suas teias,
E a cobra porá seus rebentos;
E ouvireis, anos de enfiada,
Nessa cabeça condenada
Os uivos dos animais bravos
E das bruxas esfomeadas,
Dos velhos as farras ousadas
E dos biltres negros conchavos.
BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução
de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.
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