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quinta-feira, 23 de julho de 2020

Quadros Parisienses - Charles Baudelaire

XCIV - O esqueleto lavrador.

I

Nessas pranchas de anatomia
Que estão pelos cais empoeirados
Onde livros sobre os finados
Dormem como múmias frias.

Desenhos a que a seriedade
E o saber de um velho artista,
Mesmo sendo o tema triste,
Comunicaram a Beldade,

Veem-se, o que faz mais completos
Esses misteriosos horrores,
Cavando como lavradores,
Uns Esfolados e Esqueletos.

II

Desse terreno que cavais,
Campônios letais, resignados,
Com todo o esforço empenhado
Com os músculos espinhais,

Dizei, qual a messe estranha,
Galés tirados da carneira,
Tirais, e de que fazendeiro
Tendes de encher o celeiro?

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.