XCIV - O esqueleto lavrador.
I
Nessas pranchas de anatomia
Que estão pelos cais empoeirados
Onde livros sobre os finados
Dormem como múmias frias.
Desenhos a que a seriedade
E o saber de um velho artista,
Mesmo sendo o tema triste,
Comunicaram a Beldade,
Veem-se, o que faz mais completos
Esses misteriosos horrores,
Cavando como lavradores,
Uns Esfolados e Esqueletos.
II
Desse terreno que cavais,
Campônios letais, resignados,
Com todo o esforço empenhado
Com os músculos espinhais,
Dizei, qual a messe estranha,
Galés tirados da carneira,
Tirais, e de que fazendeiro
Tendes de encher o celeiro?
BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.
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