XXIV
Adoro-te tal como a abóbada noturna,
Ó vaso de tristeza, ó grande taciturna,
E te amo tanto mais se tu foges de mim,
E pareces-me, enfeite das noites sem fim,
Mais ironicamente as léguas cumular
Os meus braços da esfera azul a separar.
Eu me lanço ao ataque e ao assalto eu ando,
Como sobre um defunto os vermes vêm em bando.
E gosto, ó implacável fera tão maldosa!
Até dessa frieza a fazer-te formosa!
BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal.
Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo,
2014.
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