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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Spleen e Ideal - Charles Baudelaire

XXV

O universo inteirinho em teu leito porias,
Mulher impura! O tédio faz tua alma fria.
No jogo singular para afiar teus dentes
Na manjedoura alguém tu tens sempre presente.
Teus olhos quais boticas finas a brilhar
E candeeiros brilhando em festa popular,
Usam de um poder falso, que a tudo despreza,
Sem conhecer jamais a lei de sua beleza.

Engenho cego e surdo em crueldades fecundo!
Salutar instrumento sorvendo do mundo
O sangue, como tu não viste frente a tantos
Espelhos ir sumindo todos teus encantos?
O tamanho do mal em que te crês sabida,
Quando a natura, grande em seus planos velados,
Usa-te, ó mulher, rainha dos pecados
- A ti, vil animal, para um gênio plasmar?


Ó barrenta grandeza! Ignomínia palmar!

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

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