XLIII - A tocha viva
Eles vão frente a mim, Olhos como clarões,
Que um Anjo sapientíssimo acaso há imantado;
Eles vão, os divinos irmãos, meus irmãos,
Sacudindo em meus olhos fogos diamantados.
Livrando-me de embuste e de todo pecado,
Conduzem cada passo ao Belo à minha frente;
São meus servos, a eles sou escravizado;
Meu ser todo obedece a essa tocha vivente.
Olhos de encantos, vós brilhais com claridade
Divina, círios diurnos ardendo; brilha o sol
Mas não lhes tolda a luz e a vivacidade;
Eles cantam a Morte, cantais o Arrebol;
O arrebol de minha alma andais vós a cantar,
Astro a que sol nenhum pode a chama apagar!
BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.
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