XXXVII - O possesso
Cobriu-se o sol de um negro véu. Por tua vez,
Lua da minha vida! na sombra te enfia,
Dorme ou fuma à vontade; sê muda e sombria,
E no abismo do Tédio cairás talvez.
Amo-te assim! No entanto, hoje, se quiseres,
Como um astro eclipsado que da sombra emana,
Exibir-te em lugar em que a Loucura plana,
Pois bem! Punhal charmoso, sai do estojo e fere!
Acende a tua pupila na chama dos lustres!
Acende o teu desejo nos olhares rústicos!
Tudo em ti me é prazer, mórbido ou petulante;
Sê o que quiseres, noite escura ou alva de ouro;
Não há nenhuma fibra em meu corpo arquejante
Que não clame: Ó meu caro Belzebu, te adoro!
BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário