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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O possesso - Spleen e Ideal - Charles Baudelaire.

XXXVII - O possesso

Cobriu-se o sol de um negro véu. Por tua vez,
Lua da minha vida! na sombra te enfia,
Dorme ou fuma à vontade; sê muda e sombria,
E no abismo do Tédio cairás talvez.

Amo-te assim! No entanto, hoje, se quiseres,
Como um astro eclipsado que da sombra emana,
Exibir-te em lugar em que a Loucura plana,
Pois bem! Punhal charmoso, sai do estojo e fere!

Acende a tua pupila na chama dos lustres!
Acende o teu desejo nos olhares rústicos!
Tudo em ti me é prazer, mórbido ou petulante;

Sê o que quiseres, noite escura ou alva de ouro;
Não há nenhuma fibra em meu corpo arquejante
Que não clame: Ó meu caro Belzebu, te adoro!

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

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