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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Spleen e Ideal - Charles Baudelaire.

XIX - A giganta

No tempo em que a Natura em sua verve possante
Cada dia gerava uns filhos monstruosos,
Gostara eu de viver junto á jovem gigante,
Como aos pés da rainha um gato voluptuoso.

Gostara eu de ver sua alma e corpo florir
E em seus terríveis jogos crescer-lhe no olhar;
Se o coração sombrio a chama está a nutrir
No humilde nevoeiro em seus olhos nadar;

Percorrer-lhe à vontade as magníficas formas;
Escalar-lhes as encostas dos joelhos enormes,
E às vezes no verão, quando os sóis malfazejos,

Lassa, a fazem deitar-se através da campanha,
Dormir despreocupado à sombra de seus seios,
Como aldeia tranquila ao pé de uma montanha.

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

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