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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Spleen e Ideal - Charles Baudelaire.

XXXIII - Remorso póstumo

Quando dormires, minha bela tenebrosa,
Num monumento de marmórea construção,
E não tiveres por alcova ou por mansão
Mais que um porão chuvoso e uma profunda fossa;

Quando a pedra, a oprimir-te a carcaça medrosa
E os flancos que suaviza descuidado andar,
Ao coração bater ou querer já negar,
E a teus pés correr corrida aventurosa,

A tumba, confidente do meu sonho infindo
(Visto que a tumba entenderá sempre o poeta),
Durante as grandes noites de sono banido,

Dir-te-á:"Cortesã, qual é a tua meta
Ao não reconhecer o que choram os mortos?".
- E os vermes te roerão a pele quais remorsos.

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

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