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sábado, 18 de fevereiro de 2017

Spleen e Ideal - Charles Baudelaire.

XXXIV - O gato

Vem, belo gato, em meu peito amoroso;
Recolhe as garras da tua pata,
E deixa entrar em teu olhar formoso
Mesclado de ágata e prata.

Quando os dedos carinhosos vêm fazer
Em tua cabeça e dorso inflado,
E a minha mão se embriaga de prazer
Palpando o corpo eletrizado,

Vejo minha mulher. O seu olhar,
Tal como o teu, caro bichano,
É fundo e frio, como um dardo a cortar,

E da cabeça ao pé pequeno,
Com ar sutil, um perigoso odor
Nada por seu corpo moreno.

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

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