XXVII
Com seus vestidos ondulantes, nacarados,
Mesmo quando ela anda parece que dança,
Como as longas serpentes que, dos bruxos sagrados
A ponta do bastão, em cadência, balança.
Como a tépida areia e o azul dos desertos,
Ambos indiferentes à humana doença,
Como o balanço longo dos mares abertos,
Ela se desenvolve com indiferença.
Seus lisos olhos são de gemas deslumbrantes,
E nessa natureza simbólica e amiga
Onde o anjo se mescla com a esfinge antiga,
Onde tudo é só ouro, aço, luz e diamantes,
Resplandece pra sempre, estrela vagabunda,
A fria majestade, a mulher infecunda.
BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário