XXII – Perfume exótico
Quando, de olhos fechados, noite outonal, quente,
Respiro o odor dos seios teus, tão calorosos,
Vejo se desdobrar os paramos ditosos
A que ofuscam os fogos de um sol permanente;
Uma ilha preguiçosa onde dá a natura
Árvores singulares, frutos saborosos;
Homens de corpo forte, esbelto e vigoroso,
E mulheres do olhar da franqueza mais pura.
Por teu olhar guiado às paragens mais belas,
Vejo um porto repleto de mastros e velas,
Ainda fatigados da vaga marinha,
Enquanto esse odor verde dos tamarineiros,
Que circula no ar inflando-me a narina,
Mescla-se na minha alma ao som dos marinheiros.
BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal.
Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo,
2014.
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