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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Spleen e Ideal - Charles Baudelaire.

XXII – Perfume exótico

Quando, de olhos fechados, noite outonal, quente,
Respiro o odor dos seios teus, tão calorosos,
Vejo se desdobrar os paramos ditosos
A que ofuscam os fogos de um sol permanente;

Uma ilha preguiçosa onde dá a natura
Árvores singulares, frutos saborosos;
Homens de corpo forte, esbelto e vigoroso,
E mulheres do olhar da franqueza mais pura.

Por teu olhar guiado às paragens mais belas,
Vejo um porto repleto de mastros e velas,
Ainda fatigados da vaga marinha,

Enquanto esse odor verde dos tamarineiros,
Que circula no ar inflando-me a narina,
Mescla-se na minha alma ao som dos marinheiros.


BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

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