Total de visualizações de página

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Spleen e Ideal - Charles Baudelaire.

XXXIX

Estes versos te dou a fim que, se meu nome
As eras afastadas, com sorte abordar,
E nas mentes humanas sonhos despertar,
Velas a enfunar um aquilão enorme,

Tua memória, tal histórias fugitivas,
Como um tímpano vá fatigar o leitor,
E por fraterno e místico elo de amor
Fique apensa a estas minhas tão altivas;

Ente maldito a quem, desde o abismo de breu
Até o alto céu, nada atende, só eu!
- Ó tu que, como sombra, de efêmeros traços,

Calcas com pé ligeiro, a olhar no horizonte,
Os néscios a julgar amargos os teus passos,
Estátua olhos de jaspe, anjo de érea fronte!

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário