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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Spleen e Ideal - Charles Baudelaire

XLII

Que dirás esta noite, ó pobre alma isolada,
Que dirás, coração, outrora fenecido,
À muito bela, à muito boa, à muito amada,
Cujo divino olhar te fez reflorescido?

- Poremos nosso orgulho em cantar seu louvor;
Nada vale o dulçor de sua autoridade;
Sua carne espiritual tem dos Anjos o olor,
E seus olhos nos dão roupas de claridade.

Quer seja pela noite ou pela solidão,
Quer seja na cidade em meio á multidão,
Seu fantasma no ar dança como fanal.

Às vezes fala e diz: "Eu sou bela, sou dona,
E pelo meu amor mando que ameis o Ideal;
Eu sou o Anjo da guarda, a Musa e a Madona".

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

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