Total de visualizações de página

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Spleen e Ideal - Charles Baudelaire.

XVII - Beleza

Eu sou bela, ó mortais! Como um sonho de pedra,
E meu seio onde, cada um por vez, se feriu,
Para inspirar amor ao poeta tem feitio,
Eterno e mudo assim como toda matéria.

Meu trono é lá no azul, como esfinge ignorada;
A um coração de neve alio do cisne a alvura
Odeio o deslocar que os traços desfigura,
E nunca choro e nunca sorrio por nada.

Os poetas, ante minhas grandes atitudes,
Que pareço tomar dos monumentos grandes,
Consumirão a vida em austeros estudos;

Tenho pra fascinar esses dóceis amantes.
Puros espelhos que tornam as coisas lindas,
Meus olhos grandes com claridades infindas!

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário