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sábado, 28 de janeiro de 2017

Spleen e Ideal - Charles Baudelaire.

XIV - O homem e o mar.

Homem livre, terás pelo mar sempre amor!
O mar é teu espelho; contemplas a tua alma
No infinito rolar de sua lâmina calma,
A tua alma não tem um menor amargor.

Gostas de mergulhar no fundo de tua imagem;
Tu o abraças com o olhar, braços, teu coração
Às vezes se distrai com seu ruído vão
Ao som desse queixume indomável, selvagem.

Vós ambos tenebrosos sois, também discretos,
Homem, ninguém sondou as tuas profundezas,
Ó mar, ninguém conhece as tuas imas riquezas
Tão ciosos vós sois de guardar os segredos!

No entanto, desde séculos inumeráveis
Combateis um ao outro sem remorso ou pena
De tanto que gostais dessa matança extrema,
Ó eternos lutadores, ó irmãos implacáveis!

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

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