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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Spleen e Ideal - Charles Baudelaire.

XI - O azar.

Pra que alto o peso se leve
Sísifo,¹ é mister teu ardor!
Embora haja empenho e labor,
A Arte é longa e o Tempo é breve.

Longe das tumbas alto erguidas,
Rumo a cemitério isolado,
Meu coração, tambor velado,
Dá em marcha fúnebre as batidas.

- Há tanta joia sepultada
E em meio às trevas olvidada,
Longe de pás e de enxadões;

Muita flor esparge com medo
Do perfume seu o segredo
Nas mais profundas solidões.

BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.

¹Sísifo é o personagem da mitologia grega que, por ter ludibriado e ofendido alguns deuses, como Zeus, Ares e Hades, foi condenado, por toda a eternidade, a rolar uma grande pedra até o cume de uma montanha, mas, quando a tarefa estava quase chegando ao fim, a pedra voltava ao ponto de partida. Assim, Sísifo recomeçava seu trabalho que jamais tinha fim nem servia para coisa alguma. (N. do E.)

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