IV – Correspondências
A natureza é um templo onde vivos pilares
Por vezes dão a ouvir palavras muito estranhas;
Nas florestas de símbolos o homem se emaranha
Que o observam com olhos bem familiares;
Tais como longos ecos que ao longe se escondem
Em uma tenebrosa e profunda unidade,
Tão vasta como a noite e como a claridade,
As cores, os perfumes e os sons se respondem.
Perfumes frescos há, como carnes infantes,
Doces como oboés, verdes como campinas,
- E outros, corrompidos, ricos e triunfantes,
Tendo aquela expansão das coisas infinitas
Como o âmbar, o almíscar, o benjoim, o incenso,
Transportes a cantar do espírito e do senso.
BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal.
Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo,
2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário