LXXXII - Horror simpático
Desse céu bizarro e sem cor,
Em tormentos qual teu destino,
Que ideias na alma ao dispor
Descem? Responde, libertino.
- Insaciavelmente a querer
O que é escuro e sem destino,
Como Ovídio não vou gemer
Quando expulso do éden latino.
Céus rasgados como ribeiros
Em vós meu orgulho se expande;
De luto vossas nuvens grandes
São mortes de sonhos inteiros,
E o luar réplica se faz
Do Inferno que a minha alma apraz.
BAUDELAIRE, Charles. Flores do Mal. Tradução de Mario Laranjeira. 2ª Reimpressão. Editora Martin Claret. São Paulo, 2014.
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