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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Encontro

Entre a multidão, estava eu, andando infinitamente observando a minha volta, era uma cidade grande, como em filmes, mas não se parecia a nenhuma das grandes capitais do mundo afora. As lojas a volta vendiam de tudo: flores, roupas, animais, carnes, utilitários, eletrodomésticos e etc, eu não sabia onde estava, mas continuava andando, primeiro parei em frente a uma vitrine de uma loja de animais, eram cães, gatos, periquitos e peixes. Gatos sempre foram meu encanto, pela jaula eu pude olhá-los, olhar profundamente nos olhos e sentir que eles todos me pertenciam e eu pertencia a alma de todos eles, fiquei estasiada por minutos, desejando comprar todos, mas lembrei de que sou fiel a apenas uma gata e ela fiel a mim. Demorei alguns segundos para deixá-los para trás, enquanto o amor ia desfalecendo, os olhos tristes por tudo. Andei alguns poucos metros e parei em frente a floricultura, dessa vez namorando as flores, não achei a Jasmim, era uma das que mais gostava e achava as vezes entre os quintais expostos das casas. Mergulhada em meu prazer interior ele veio sem avisar, um velho de repente parou a minha frente e disse em um tom limpo:
- Seus olhos estão tristes.
Pegara-me de surpresa, como se tivesse a minha alma em suas palavras, ele conhecia a minha alma. Olhei para ele sem responder nada, surpresa, analisando sua fisionomia: era velho mas não muito enrugado, parecia ter pouco mais de 60 anos, tinha cabelo grisalho, um pouco curto e liso, era um pouco mais alto que eu. Quando o pensamento sobre analisar sua fisionomia se foi, senti medo, o medo sempre fora algo meu, o medo e a tristeza, coisas causadas por este mundo, eu era uma pobre criatura que não tinha força muito menos palavras para serem minha espada e escudo, só a raiva. Ele disse mais uma vez calmamente:
- Não tenha medo, eu apenas vi o que há aí dentro.
E sorriu, fiquei mais transtornada ainda, alguém conhecia meu coração. Quando percebi, estava com a armadura de prata em meu corpo, não era pesada como sempre imaginara, e a espada na mão direita.
- Não precisa empunhar sua espada e usar sua armadura sempre.
Em um acesso de raiva eu disse.
- Eu preciso!
- Entendo... Mas não precisa ter medo toda vez.
- Preciso! Você não sabe o que acontece quando tiro-a.
Ele olhou para o lado e depois para mim novamente.
- Talvez você esteja certa. Sempre haverá dor com ou sem armadura e espada.
Ele virou-se e se foi andando pela rua, a raiva borbulhava sobre mim ainda, odiava o que havia acontecido, tudo tão de repente e alguém me desafiando com aquelas palavras como quem manda em mim, eu tinha a espada e a armadura, ninguém mandaria mais em mim! Já se fora o tempo onde dominavam a mim! Ninguém mais me dominaria e conheceria a mim! Eu era um mistério odioso, cheio de raiva e ódio, eu os amava, eles eram minha armadura e espada e eu bem sabia, sabia que eles destroem mas os escolhi para vesti-los, eles eram meus e eu os dominaria! A calma foi tomando forma em mim, a ultima coisa que lembro-me foi de olhar para flores amarelas. Quando acordei e ainda de olhos fechados refleti sobre o sonho, percebi que havia tido um encontro com minha alma, ele era minha alma, velha e conhecia-me como ninguém, meu coração sentiu uma leve tristeza por uma ilusão criada pela mente, achei que alguém havia entendido meu coração, mas era só minha alma, havia sido tão feliz no momento que acordei e senti que alguém conhecia meu coração, era tristeza misturada com a perdição, como sempre, essa sensação perseguia meu coração a anos e eu tentava desvendar meu coração, conheço-o, mas não todo e isso levou-me a eterna perseguição da compreensão, coisas que quero descobrir sozinha, mas ao mesmo não quero descobrir, as vezes o segredo é muito mais delicioso que o conhecimento, o conhecimento você já conhece e não tem mais motivos de se atordoar e buscar por algo, o conhecimento é o fim, o mistério é o começo.

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